Como avaliar se a prática está sendo bem sucedida?

Na postagem de hoje, algumas considerações pragmáticas sobre os treinamentos taoistas. Anteriormente, já havia compartilhado algumas considerações sobre como praticar. Desta vez, a pergunta central é: quais os parâmetros para avaliar nosso desenvolvimento no caminho?

Um breve passo a passo, baseado na minha experiência pessoal, para iniciar as práticas taoistas com sucesso: 1) identifique uma escola/linhagem séria com a qual sinta afinidade; 2) localize 1 professor/a devidamente qualificado/a em quem confie; 3) organize sua rotina pessoal para que nela caibam momentos regulares de prática, de preferência além do horário da aula, e idealmente todos os dias; 4) regule a intensidade da prática, inclusive a duração das sessões, de acordo com uma avaliação realista de suas próprias necessidades e capacidades; 5) confie no desenvolvimento gradual por meio da prática continuada; 6) uma atitude perseverante, mas tranquila e despretensiosa, é mais produtiva do que o esforço excessivo e a ambição.

Os resultados da prática não se obtém do dia para a noite. Lembre que praticar o Tao é seguir um caminho, ou melhor, o caminho natural. Suas características são suavidade, circularidade e continuidade. Estamos em busca de aprender a manter-nos no fluxo, adaptando-nos habilmente às circunstâncias. Não é à toa que muitas, talvez a maioria, das práticas taoistas de longevidade e saúde, são também práticas de serenidade, possuindo uma qualidade meditativa. Ao treinar não apenas cultivamos o corpo, mas, por meio dele, aprendemos uma atitude existencial em consonância com o Tao. Com o tempo, há uma graciosidade e fluidez corporal que são a expressão ostensiva de uma leveza existencial.

O que estamos aprendendo? A primeira coisa é aprender a relaxar, reduzindo todo o esforço e tensão desnecessária à realização de uma determinada atividade. Relaxar é, em teoria simples, porque tem mais relação com não fazer, ou fazer menos. No entanto, exige uma prática persistente para que se torne um hábito ao mesmo tempo corporal e subjetivo. A não ação (wuwei) taoista não é o mesmo que passividade, ou inação, mas sim um estilo de agir que, de tão sintonizado com as circunstâncias, dá a impressão que nada foi feito, mas ainda assim, ocorreu o que a situação pedia.

Também estamos cultivando nosso eixo e nosso centro, num sentido cinestésico, de consciência do movimento corporal. Ao mesmo tempo, existencialmente, aprendemos a nos manter centrados/as e alinhados/as.

Então, proponho algumas perguntas que podem servir como critérios iniciais para avaliar nosso desenvolvimento na prática: 1) como está nossa consciência corporal, de peso, eixo, alinhamento e centro? 2) Que grau de relaxamento conseguimos acessar, tanto nas situações formais de treinamento, como numa aula de qigong ou taijiquan, por exemplo, mas também no nosso cotidiano? 3) Como respondemos a situações estressantes e por quanto tempo continuamos em estado de tensão após a situação ter passado? 4) A intensidade das nossas emoções tira nosso sossego, lucidez e equilíbrio? 5) Como lidamos com os contatos com outras pessoas?

Obviamente, se a motivação inicial para praticar os treinamentos taoistas foi uma questão de saúde, uma maneira fácil de avaliar seu progresso é comparar sua condição de saúde antes de começar a praticar, e como evoluiu com o passar do tempo, com treinamento regular. Observe, por exemplo, como está seu equilíbrio, flexibilidade, digestão, respiração, humor, qualidade do sono e se houve melhora em algum problema crônico de saúde, como uma alergia ou a tendência a ficar resfriado/a.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *