Medicina Tradicional Chinesa: 7. Dietoterapia


Na postagem de hoje da série medicina chinesa, o assunto é  alimentação. Congruente com outras medicinas tradicionais, os alimentos tem tanto uso preventivo e terapêutico, quanto os maus hábitos alimentares podem ser um fator de adoecimento. Podemos portanto selecionar, preparar e saborear a comida, prestando atenção nas recomendações da medicina chinesa. Assim combinamos o prazer de comer à boa saúde e à longevidade. Os princípios são diferentes da nutrologia e da medicina convencional ocidentais, pois não se trata de calorias nem propriamente da composição química dos alimentos, mas sim das qualidades do seu .  No nível mais elementar, o princípio é nutrir-se de alimentos diversificados das cinco cores e cinco sabores, correspondentes aos cinco movimentos (wǔxíng 五行): metal 金, água 水, madeira 木, fogo 火 e terra 土. Os alimentos também são classificados em função de sua natureza yin ou yang, fria, quente, neutra, etc.

Considerando o uso dos cinco sabores, no Huangdineijing (黃帝內經), o capítulo 4 do Suwen (素問) afirma: “A nutrição dos cinco órgãos deriva dos cinco sabores (picante, doce, ácido, amargo e salgado, que podem ser percebidos como gosto da comida), porém quando os cinco gostos são utilizados em excesso, eles lesam os cinco órgãos”. […] E mais adiante, após explicar as consequências da alimentação desequilibrada, conclui: “Por isso, se os cinco sabores forem adaptados a uma condição harmoniosa sem ingestão excessiva, o corpo todo irá receber ampla fonte de nutrição, e os tendões, ossos, energias, sangue e pele, irão se conservar em condição forte e normal. Portanto, aquele que for bom em equilibrar os cinco sabores, poderá gozar de longa vida”. Em níveis mais elaborados, determinados alimentos podem ser recomendados ou evitados, em função da constituição de 1 paciente, ou a prevenção/tratamento de uma patologia específica.

No entanto, o mundo contemporâneo trouxe outras componentes à relação entre alimentação e saúde, devido ao uso maciço de pesticidas na produção agrícola, bem como de hormônios e medicamentos na produção pecuária, que representam riscos à saúde frequentemente subestimados. Isso sem falar dos alimentos processados, repletos de aditivos químicos para evitar que estraguem antes de serem consumidos ou para tornar sua cor, sabor e aparência mais agradáveis. O desafio agora é que, além de combinar harmoniosamente alimentos diversificados, fonte da vida pós-natal, é preciso saber evitar aqueles alimentos que podem nos intoxicar e adoecer.

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