Compreender o Tao: 5. Intelecto x experiência

Embora o taoismo tenha vários textos clássicos, há algo de errado com a ideia de que é uma filosofia, no sentido acadêmico ocidental do termo. Isso fica evidente já no primeiro capítulo do maior texto clássico taoista, o Dàodéjīng: o grande Tao não pode ser nomeado. Ou seja, está além da capacidade humana de conceituar, definir em palavras. Logo, está além do intelecto. Compreender o Tao não é uma tarefa intelectual. Por isso, no Dàodéjīng também se diz que o caminho do estudo é aumentar a cada dia, mas o caminho do Tao é diminuir a cada dia, até chegar à não ação (wúwéi)

Mas também não é algo em que se deva acreditar. Compreender o Tao não é sobre “fé”. O Caminho Natural, é simplesmente como as coisas são, o funcionamento da natureza. Existe uma maneira de compreender por meio do sentir, da experiência direta sem palavras.

Assim, os mestres e mestras do Tao apontaram o caminho, indiretamente, por meio das artes (poesia, música, caligrafia, pintura, artes marciais) e diretamente, ensinando métodos de cultivo do e de meditação. A ideia aqui é que é mais fácil apreciar o Tao quando estamos em sintonia com os ritmos da natureza. E quando os cinco movimentos, ou elementos, presentes no nosso corpo estão em equilíbrio, quando nossa capacidade de autorregulação está no seu pleno potencial, é mais fácil estar em harmonia com a natureza.

Naturalmente o coração está mais sereno, a vida fica mais simples sem desejos desnecessários e emoções tempestuosas. E com o coração regulado, é mais fácil repousar no silêncio e na quietude. Nesse estado, o Tao é fácil de compreender, por experiência pessoal, com a sensibilidade, não com o intelecto.

Na prática, como se faz isso? Treinando diariamente os métodos para o cultivo da vida e para a serenidade, como explicado por um professor ou uma professora devidamente qualificado/a. É a prática que nos leva a descobertas pessoais a transformações palpáveis.