Meditação Taoista: 03. Afinal, para que meditar?

Na postagem de hoje, a ideia é oferecer ao público interessado uma explicação simples, sem tecnicalidades, sobre o que é meditação taoista e para que praticá-la. Um ponto de partida simples é entender que a meditação é um método. Mas um método para que?

Detalhe de pintura da exposição temporária sobre os imortais, acervo do National Palace Museum, foto do autor em setembro de 2018.

Vamos à resposta mais direta: no nível mais profundo, a meditação taoista é um método para cultivar o que os antigos chineses chamaram de Caminho Natural, que é uma tradução razoável para o termo Tao. Em vez de usar termos filosoficamente complicados, digamos que, na prática, a meditação é um método que desenvolve gradualmente em nós a capacidade de passar cada vez mais tempo em um estado que combina relaxamento, serenidade, sensibilidade ao ambiente à nossa volta, e prontidão para agir em conformidade com o que a situação demanda em um momento específico. Ou seja, não meditamos para sermos pessoas melhores, nem obter algo. Nem se trata de ficar passivo/a, insensível ou indiferente. Em vez disso, meditamos para aprender a reduzir toda tensão, força e identidade desnecessárias, permitindo que as qualidades de nossa natureza essencial se manifestem. Quando nos acostumamos a permanecer em um estado de relaxamento alerta, menos identificados/as com uma identidade sólida associada a desejos e metas, viver fica mais simples. Então, a tradição taoista confia no potencial para bem viver, presente em todos/as nós, que se revela quando nosso está equilibrado e a tensão se dissolve.

Os métodos taoistas se dividem em treinos de movimento e treinos de serenidade. A meditação silenciosa na postura sentada é o treino de serenidade por excelência. Nela, trabalhamos ao mesmo tempo a serenidade e a vitalidade, como expliquei na primeira postagem dessa série. A primeira etapa na prática desse tipo de meditação é o restabelecimento de nossa vitalidade e do equilíbrio de nosso organismo, descrito pelos antigos chineses em termos de Yin e Yang e dos chamados cinco “elementos” (metal, água, madeira, fogo e terra), que correspondem aos órgãos, tecidos e funcionamento de nosso corpo, como tenho explicado desde a primeira postagem sobre medicina tradicional chinesa. Como na concepção chinesa não há uma separação entre corpo e mente, o equilíbrio de nosso organismo está diretamente ligado ao equilíbrio emocional. Assim, quando nossas energias estão equilibradas, é mais fácil meditar. E ao mesmo tempo, na medida que praticamos meditação, aumenta nossa capacidade de autorregulação, o que permite lidar com situações que antes nos deixariam doentes, exaustas/os ou agitadas/os.

O que a meditação oferece é um momento com condições ideias para cultivar a serenidade e “recarregar nossas baterias“. Paramos temporariamente nossas atividades cotidianas, largamos os projetos e preocupações, sentamos em um local silencioso e que inspire tranquilidade. E nessas condições praticamos algumas técnicas para favorecer o relaxamento, a lucidez e a vitalidade. Mas com o tempo de prática regular, os estados de serenidade, relaxamento e vigor que vivenciamos durante a sessão formal de meditação podem ser vivenciados no cotidiano quando não estamos meditando. Algo em nós mudou sem que tenhamos deliberadamente tentado mudar ou aperfeiçoar nada.

Pintura em nanquim, acervo do National Palace Museum, Taipei. Foto do autor em setembro de 2018.

Assim como a água que brota de uma nascente e se torna disponível para nutrir a vida dos seres vivos que ali habitam, ou o sol que nasce a cada dia iluminando e aquecendo a terra, espontaneamente se manifesta um potencial para ação eficaz que é benéfico para nós mesmos/as e para quem está à nossa volta. Quando estamos revigorados/as e relaxados/as fica mais fácil estar disponível para os/as outros/as do que quando estamos tensos/as, ensimesmados/as, focados/as em nossas dores e dificuldades. E como explicou o mestre Pailin, esse é o sentido de ter uma vida longa e saudável: poder expressar nosso potencial para benefício coletivo, compartilhando e apoiando o desenvolvimento dos/as outros/as.

Caso deseje aprender a praticar, em março de 2020 teremos um curso de introdução em Brasília.

Meditação Taoista: 01. dificuldades básicas

Meditação começou a se tornar um tema popular em contextos globais já faz algumas décadas, talvez pelo menos desde os anos 60 do século XX, objeto de estudo de eruditos acadêmicos, de curiosidade em circuitos contraculturais, mesmo um bem simbólico rentável no mercado espiritual new age e, mais recentemente, um método terapêutico reconhecido por setores da ciência médica e psicológica convencional (como é o caso do sistema mindfulness, originalmente desenvolvido por neurocientistas a partir das técnicas budistas clássicas de meditação Shamata). Várias tradições asiáticas praticam métodos contemplativos há milênios e os circuitos contemporâneos de comunicação intercultural global permitiram a sua difusão para outros contextos culturais. Além disso, há toda sorte de novas sínteses e experimentações e literalmente milhares de professores e professoras de meditação, nem sempre devidamente treinadxs e suficientemente experientes para ensinar, pelos critérios tradicionais. Em nossos tempos de excesso de individualismo, a meditação tem inclusive sido erroneamente incorporada ao arsenal de tecnologias de empoderamento individual, em consonância com o que foi chamado de “materialismo espiritual” pelo controverso mestre budista tibetano Chogyam Trungpa.

Os três deuses da boa fortuna (da direita para a esquerda, Fú 福, Lù 祿 e Shòu 夀), detalhe sobre a entrada de um templo taoista em Zhulishan, New Taipei. Foto do autor, janeiro de 2016.

Aqui, o assunto é a meditação taoista em um contexto por assim dizer mais fiel à sua origem: o cultivo simultâneo da vida e do espírito. Quando falamos de meditação taoista, é importante lembrar que há vários métodos, a depender da linhagem. No caso do taoismo no Brasil, e referindo-me ao legado do mestre Pailin, o que ensinou a seus discípulos e discípulas, foi principalmente técnicas de meditação silenciosa que combinam o cultivo da serenidade, do Vazio e a circulação do por certos centros e trajetos (como o Pequeno Universo, a Via Láctea e os Oito Vasos Maravilhosos).

Mestre Liu recomendava a meditação “Sentar na Calma” como parte do treinamento para quem buscava a saúde e a longevidade, mas também para desenvolver sua espiritualidade latente, entendendo isso sem nenhum teor religioso. E explicava os fundamentos filosóficos da prática, citando clássicos taoistas como o Daodejing e o Yijing.

Falando do ponto de vista do iniciante, é preciso um entendimento intelectual correto do que é a prática e para que praticar. É preciso também obter instruções confiáveis para não perder tempo e não arriscar a saúde e a sanidade.

Detalhe de pintura do acervo do National Palace Museum, Taipei, foto do autor setembro de 2018.

Do ponto de vista do entendimento intelectual, dos vários conceitos presentes nos textos filosóficos e manuais taoistas, talvez um dos que gere mais confusão, não apenas para iniciantes, é o Vazio. Por um lado, essa palavra tem nas línguas ocidentais uma conotação negativa, até niilista. Ao falarmos em Vazio, quem não está familiarizado com a terminologia taoista e budista pode imaginar, erroneamente, negação, ausência, falta, nada. E consequentemente sentir angústia. Então é preciso primeiro entender que o Vazio, ou vacuidade, aqui se refere metaforicamente ao espaço aberto da potencialidade, onde tudo acontece e se manifesta. É como o silêncio antes e entre os sons, a quietude antes e entre os movimentos, o espaço entre os objetos e fenômenos. E não uma ausência dolorosa ou negação da vida. Em vez disso, é uma aspecto necessário da vida. A própria vida é uma alternância contínua entre quietude e movimento, como está expresso graficamente no símbolo do Taiji ☯. Embora a vacuidade seja uma experiência que não é totalmente descritível, é importante um entendimento inicial na direção correta.

Detalhe de pintura do acervo do National Palace Museum, Taipei, foto do autor setembro de 2018.

Do contrário, surgem dificuldades para por em prática instruções sobre cultivar o Vazio na meditação. Com a postura corporal, o método e a atitude mental corretas, surgem espontaneamente momentos de grande quietude na meditação, uma lucidez relaxada e silenciosa. A atividade mental agitada e incessante que os chineses chamaram de “macaco dos pensamentos” se detém espontaneamente. Esse é um momento para cultivar o Vazio. Não se trata de ficar pensando a respeito do vazio, para entendê-lo intelectualmente. Nem de passar um tempo imaginando como seria esse vazio. Muito menos de imaginar as coisas como vazias. Outro erro comum é imaginar que meditar depende de impedir pela força o fluxo da consciência, para chegar a um estado artificial totalmente livre de pensamentos. Isso não só é exaustivo e improdutivo, mas é também um erro tem efeitos colaterais nocivos. O capítulo 3 do Zuò Wàng Lùn (Tratado sobre Sentar e Esquecer), afirma que, ao proceder assim, cortando bruscamente toda atividade mental durante a meditação, a pessoa desenvolve uma dificuldade crescente de raciocinar e pensar, que não é o objetivo da meditação.

Para concluir, se a meditação é um método para atingir o estado natural, é possível começar a entender o que é meditação taoista por eliminação: não visa estados extraordinários, mas sim revelar algo que já está presente em nosso ser quando relaxamos; não é fugir da realidade, “viajar” ou adormecer, mas estar alerta e consciente; mas isso não se faz por uma concentração forçada, e sim por um foco relaxado que permite repousar a consciência.

Em março de 2020 está agendado um curso de meditação taoista em Brasília .

O Tao como vida em relação

“Tao é Taichi, e Taichi é harmonia de yin e yang”. Essa afirmação tradicional tem uma consequência no entendimento do caminho taoista como a unidade de uma compreensão sobre a vida e de uma arte de viver. A vida é percebida como um jogo dinâmico de aspectos complementares, opostos, alternados, sempre organizados em relações. E o bem viver seria um exercício de sensibilidade e ajuste às condições e relações do momento, visando o equilíbrio, a fluidez e a ação eficaz com o mínimo de desgaste. Compreendendo corretamente o funcionamento da natureza, ou do Céu e da Terra, e desenvolvendo pela prática uma sintonia com esse funcionamento, a vida fica mais simples. Assim, “filosofia” e “treinamento” taoista não são coisas separadas, mas os dois lados do caminho. Em uma época de tantas experiências de solidão, isolamento e excessivo individualismo, talvez os antigos sábios chineses tenham algo a nos ensinar…

Os três deuses da boa fortuna (da direita para a esquerda, Fú 福, Lù 祿 e Shòu 夀), detalhe sobre a entrada de um templo taoista em Zhulishan, New Taipei. Foto do autor, janeiro de 2016.

Certamente, há todo uma dimensão social nessas experiências, uma desagregação do espaço público, o desmantelamento de políticas de bem estar e seguridade social, associados a uma desregulamentação que favorece o mercado e prejudica as vidas das pessoas comuns, a ausência de projetos para o bem comum, tudo isso associado a uma excessiva individualização nos ambientes urbanos globalizados. Então, a solidão está associada uma instabilidade nas condições sociais, a um enfraquecimento da profundidade e diversidade de vínculos significativos e, ao mesmo tempo, a um aumento da importância individual e da necessidade de visibilidade e popularidade.

Detalhe de pintura da exposição temporária sobre os imortais, acervo do National Palace Museum, Taipei. Foto do autor, setembro de 2018.

No entanto, se voltamos à concepção taoista sobre a vida, nunca estamos de fato separados/as do mundo nem das demais pessoas. Estudando a filosofia taoista e a medicina tradicional chinesa, podemos nos dar conta disso em um nível intelectual. Praticando meditação e qigong podemos nos dar conta disso pela experiência vivida, de conexão com o mundo à nossa volta e seus habitantes. Um corpo vivo é feito dos mesmos materiais que a natureza. E é sua permeabilidade ao ar, à água, aos alimentos, ao que torna a vida possível. A metáfora ocidental fundadora da identidade pessoal – eu como algo dentro, enquanto o mundo está fora – induz a um erro de percepção, com consequências existenciais. O mundo não está fora de nós, nós sempre estivemos dentro do mundo. E os seres humanos vivem graças às relações: não teríamos chegado à idade adulta sem cuidados, ajuda e aprendizagem oferecida por outras pessoas; a maioria de nós não poderia sequer sobreviver sem o trabalho e os conhecimentos de outras pessoas. Resumindo, assim como não poderemos viver se destruirmos o ambiente natural, a vida também não é possível sem solidariedade e cuidado mútuo. Ou até é possível, mas às custas da nossa sanidade e até mesmo de nossa humanidade.

Certamente direitos e liberdades individuais são um ganho, mas se tornam uma maldição quando não vem acompanhados de responsabilidades coletivas e respeito aos mesmos direitos e liberdades das demais pessoas. A convivência íntima se torna uma tirania e as relações sociais se tornam formas de exploração e opressão.

O que aprendi de meus mestres é que o cuidado de si, o cultivo da vitalidade e da serenidade, a conquista da saúde e da longevidade, o despertar da sabedoria, é parte do processo de aprender a cuidar dos/as outros/as. É porque temos equilíbrio que podemos ser uma presença benéfica. Só tem sentido uma vida longa se com ela podemos beneficiar nossas comunidades e partilhar conhecimentos e experiência acumulada.

Benefícios do Taichi: uma explicação simples para iniciantes e pessoas interessadas

Quem ainda não conhece o Taichi (Tàijí 太極) mas já viu alguém praticando sozinho ou em grupo ao ar livre, pode ter se perguntado sobre qual o sentido de repetir movimentos lentos e circulares, que poderiam lembrar uma dança em câmera lenta. Por que será que milhões de pessoas, de diferentes gêneros, classes sociais, etnias, faixas etárias, nacionalidades e estilos de vida praticam essa arte chinesa pelo mundo afora? Será isso um exercício físico? Uma arte marcial? Uma meditação em movimento?

Quando falamos em Taichi, antes mesmo de referir-nos a uma prática corporal que contém, de fato, aspectos de arte marcial, técnica de longa vida e meditação, estamos falando de um dos conceitos centrais do pensamento chinês: a união de dinâmica de aspectos opostos e complementares presentes em todos os fenômenos do universo. A prática do Taichi, portanto, tem como fundamento filosófico essa intuição genial da civilização chinesa sobre o funcionamento da natureza, incluindo o corpo humano, como um processo dinâmico contínuo.

Em outras postagens, expliquei em mais detalhes os benefícios objetivos da prática, conforme evidências de pesquisas científicas recentes na área médica: melhorar o equilíbrio, a respiração e a saúde do coração; redução de dores e desconfortos; saúde mental e cerebral. Portanto, aqui quero acrescentar mais algumas informações sobre essa característica definidora dos exercícios de Taichi: o movimento lento, rítmico e circular.

Em primeiro lugar, mover-se devagar nos habitua a algo que raramente temos o privilégio de vivenciar nos tempos acelerados da vida urbana contemporâneo, rica de agitação, informação, compromissos, atividades e exigências de desempenho. Por alguns instantes por dia, podemos desacelerar, relaxar e nos livrar do estresse de cada dia. A capacidade de relaxar, de não fazer esforço, que é algo natural, inerente ao nosso organismo, está sendo perdida por alguns e algumas de nós, que não sabemos mais parar nosso movimento incessante. Considerando o papel do estresse em muitas doenças modernas, dispor de uma ferramenta para manejo e redução do estresse diário pode ser um importante recurso de medicina preventiva.

Em segundo lugar, o movimento lento proporciona um exercício de baixo impacto, que pode ser praticado por qualquer pessoa, independente de seu nível de condicionamento físico. Um exercício que fortalece e alonga com menor risco de lesões. Um exercício que tonifica a musculatura de sustentação, sem ser extenuante e doloroso. E melhora a respiração e a circulação de forma gradual. Os movimentos lentos e circulares, têm uma riqueza particular, por isso melhoram nossa coordenação motora, principalmente a capacidade de coordenar as diversas partes do corpo para um movimento mais econômico e integrado. Por isso, a transmissão oral do Taichi diz: “a força é gerada pelos pés e pernas, comandada pela cintura e expressa pelos braços e mãos”.

Por fim, o movimento em câmera lenta nos permite desenvolver a consciência corporal, mais precisamente, a consciência do alinhamento postural, da distribuição do peso, da posição no espaço, do tônus, e, nos exercícios a dois, da intenção e postura do parceiro/a de treino. Aprendemos a sentir o encadeamento entre um movimento e outro. Em vez de gestos isolados, em staccato, a movimentação passa a ser percebida como um ciclo infinito de alternâncias: avançar e recuar, erguer e descer, expandir e recolher, leve e pesado, cheio e vazio. O símbolo do Taichi (☯️) então é vivenciado como uma experiência no corpo e não mais como um conceito abstrato. E é essa vivência que proporciona a quem pratica, e comunica até a quem observa, um certo senso de harmonia e serenidade.

A combinação de todos esses fatores beneficia ao mesmo tempo o aparelho locomotor, o funcionamento dos órgãos internos e a saúde psicológica. Além disso, é uma atividade agradável para praticar quando desejamos estar sozinhos/as em silêncio, ou em contato com amigos e amigas. Praticar continuamente sob orientação de um instrutor ou uma instrutora competente pode nos tornar pessoas mais saudáveis, mais longevas, mais equilibradas e, quem sabe, até sábias.

Cultivemos a quietude, antes que a vida nos obrigue a parar

Quando a filosofia taoista é apenas um assunto intelectual, interessa apenas a especialistas eruditos. Mas para quem pratica o Caminho, os princípios do Tao nos auxiliam a contemplar com mais sabedoria as experiências cotidianas, mesmo as mais banais. O seu valor está no domínio prático, como parte da nossa bússola existencial, não como um conhecimento exótico.

As sociedades contemporâneas se caracterizam por um verdadeiro excesso de movimento, estímulo sensorial e exigências de desempenho (na vida profissional, pessoal e até nos momentos de lazer). Habitantes das grandes cidades, aprendemos a temer o silêncio, a sentir angústia e tédio diante da quietude. Ficar paradx e em silêncio parece quase uma terrível punição.

No entanto, onde há movimento, precisa também haver quietude. É uma questão de equilíbrio. Mestre Pailin afirmou: “Tao é Taiji, e Taiji é yin e yang em harmonia”. Movendo sem descanso, nos desgastamos e acabamos encontrando infortúnios, como doenças e acidentes, que são apenas o resultado de nossa própria agitação e exaustão. Se não nos movemos o suficiente, estagnamos e enrijecemos. No entanto, nas sociedades contemporâneas, é mais frequente exagerar no movimento que na quietude: mesmo as pessoas mais sedentárias são levadas por um excesso de agitação. A solução está no meio termo: para viver bem, com saúde e sanidade, é preciso uma boa combinação de movimento e quietude. Uma lição simples, mas difícil de aprender.

A história do mestre Louva-a-deus em o Segredo dos Cinco Furiosos, captura de imagem ilustrativa 1, do autor.

Para alguns e algumas de nós, o universo parece se mover lento demais para nosso ritmo, como o mestre Louva-a-deus, personagem do universo Kungfu Panda em “O segredo dos Cinco Furiosos” (2008). Pessoalmente, conheço bem essa sensação. Foram anos de meditação para reduzi-la a um nível moderado.

A história do mestre Louva-a-deus em o Segredo dos Cinco Furiosos, captura de imagem ilustrativa 2, do autor.

Aceleradxs e desatentxs, ultraconfiantes, seguimos apressadamente em direção a desastres evitáveis. E nos surpreendemos quando acontecem. Não escutamos as advertências da vida e deixamos de tomar as precauções necessárias, simples.

A história do mestre Louva-a-deus em o Segredo dos Cinco Furiosos, captura de imagem ilustrativa 3, do autor.

Quando a vida nos obriga a parar, (no meu caso foi um acidente com fratura), tentamos resistir. Persistimos por um tempo nos maus hábitos que causaram o infortúnio. Mas finalmente nos aquietamos, a contragosto. Com sorte, brota alguma aceitação das circunstâncias. Quem sabe até desaceleramos?

A história do mestre Louva-a-deus em o Segredo dos Cinco Furiosos, captura de imagem ilustrativa 4, do autor.

Essas situações de restrição de movimentos, literal ou figurada, por doença ou acidente, podem ser uma ótima oportunidade para aprender o valor da quietude, da lentidão e da paciência. Uma bênção do universo disfarçada de desgraça. E para quem já pratica, uma oportunidade para aprofundar o treinamento e avaliar a sua qualidade, pois é na adversidade que vemos o quanto valeu a nossa prática. É fácil ficar sereno quando tudo segue a contento.

Por que utilizar um desenho animado, uma comédia de kung fu, para contar essa história, em vez dos clássicos taoistas? Porque a postagem de hoje se destina a leitores e leitoras urbanxs, apressadxs, talvez sem tempo ou paciência para ouvir os antigos sábios chineses.