Na postagem de hoje da série Compreender o Tao, o tema é a noção de não ação (wúwéi 無為), sujeita a vários mal entendidos. Não significa não fazer nada, nem omitir-se de agir, muito menos algo que se pode praticar intencionalmente, como quem diz: “agora, praticarei a não ação”. É ação espontânea, não deliberada, é agir sem identificar-se com a ação, ou com seu resultado. Não vem acompanhada do sentimento de vitória ou arrependimento: “eu fiz isso”. Por isso se diz: “o verdadeiro Tao requer de nós que lidemos com o mundo real, mas ao fazê-lo o coração não se agita”. Ação espontânea é fazer o que é necessário segundo a situação, levando em consideração o maior benefício possível para todos os seres envolvidos. Em poucas palavras, embora possamos viver momentos ocasionais assim, é algo que só pode ser feito com frequência por alguém que, ao menos em alguma medida, realizou o Tao, ou qualquer outro nome que seja dado ao estado natural. Uma das marcas da não ação é a experiência de ausência de esforço e deliberação. A solução adequada é encontrada sem alarde e luta, independente de cálculo e estratagema. É como o sol que brilha ou a chuva que cai, sem fazer distinções.