Que significa Qigong?
O termo Qìgōng (氣功 ou 炁功) ou Ch’i Kung (pronuncie Tchi Kung, em português) é moderno. E descreve vários sistemas de práticas corporais chinesas antigas baseadas no trabalho, cultivo ou treinamento do qì. Particularmente, no Qigong taoista, os métodos trabalham a consciência corporal, o alinhamento postural, o relaxamento, movimentos circulares e suaves, respiração natural, em combinação com o uso da atenção para regular nosso organismo, incrementar a disposição vital e serenar o coração. O que chamamos hoje de Qigong deriva de técnicas desenvolvidas originalmente na antiga China por taoistas, não por acaso, chamados de “aqueles/as que treinam o qì“.
E o que é Qì?
Qì (氣 ou 炁) é um conceito muito importante do pensamento chinês. Refere-se àquilo que anima os seres vivos e os fenômenos da natureza, dotando-os da capacidade de movimento e transformação. Normalmente traduzido nas línguas ocidentais como energia, vitalidade, força vital, sopro e, com menos frequência, eletricidade. Devido às dificuldades de traduzir adequadamente essa ideia chinesa ancestral que permite descrever vários aspectos da realidade, prefiro ficar com o termo chinês.
Vida longa e saudável
Baseado na compreensão do Tao (Dào 道), pela observação sistemática da paisagem e da vida humana, pessoas sábias da China antiga desenvolveram métodos para preservar a saúde, viver vidas longas, prevenir e tratar doenças, além de cultivar a serenidade do coração.
Assim, é comum encontrar mestres taoistas que viveram com saúde até os cem anos, ou mais. Combinavam recomendações sobre modo de vida, alimentação equilibrada e práticas corporais.
Os métodos que pratico e ensino foram trazidos para o Brasil por mestre Liu Pailin. Chegaram até os nossos dias, aperfeiçoados pela dedicação e generosidade de mestres e mestras que desenvolveram e compartilharam esses conhecimentos ao longo de muitas gerações.
Tao, uma visão da natureza
Desde a antiguidade, a vida tem sido compreendida pelo pensamento chinês como movimento constante. Laozi chamou essa compreensão da natureza das coisas de Tao (Dào 道), normalmente traduzido como Caminho (Natural). O Caminho Natural é indescritível, inominável, profundo, misterioso, “anterior ao Céu e a Terra” e a “mãe de todos os seres”. A tradição oral taoista explica de forma simples esse conceito filosófico profundo: “Tao é Taichi e Taichi é Yin e Yang em harmonia”.
Para que praticar?
Por isso, quando meu primeiro mestre taoista, Liu Pailin, falava em praticar Taichi, isso é muito mais do que apenas o Taichichuan (Tàijíquán 太極拳): significa cultivar a união e a harmonia de Yin e Yang em nós.
Todos treinamentos taoistas são formas de treinar o nosso Taichi, pois cultivam o equilíbrio de movimento e serenidade, Qì e Xuè, vida e consciência; preservam as substâncias preciosas; regulam os órgãos internos; serenam a consciência; e restabelecem o livro fluxo da vida em nós.
Quando praticamos, cuidamos da totalidade da nossa existência. Aprendemos a relaxar e estar presentes. E assim, a responder às situações da vida com mais sensibilidade e empatia, utilizando apenas a força necessária.
“O Caminho do Céu é como o retesar do arco
A parte Superior abaixa, a parte inferior sobe
A parte que possui sobra é diminuída
A parte insuficiente é completada” .
(Dàodéjīng, poema 77)
Cultivar o Tao é uma arte de viver.
Aprendemos a observar e compreender a natureza, a vida em sociedade e nossos próprios corpos. Com sensibilidade, sabemos o que o momento atual nos demanda, para obter o resultado mais benéfico. Sabemos quando parar e quando agir. Mantendo a maleabilidade, é possível viver a vida com mais fluidez, evitar o desgaste e o conflito desnecessários. A dica é não forçar e praticar com constância, a cada dia, até que o relaxamento alerta seja parte da nossa disposição habitual.
Quem são nossos mestres?
Mestre Liu Pailin (1907-2000) chegou ao Brasil no final dos anos 70 e permaneceu no país até o fim de sua vida. Militar aposentado, de uma família taoista, desde sua juventude estudou artes marciais, medicina tradicional, práticas de longevidade e meditação. Tornou-se discípulo de várias linhagens taoistas famosas como Jinshan, Longmen, Qingchen, Fuchou e Kunlun Xianzong. Após a guerra civil na China emigrou para Taiwan, onde permaneceu até os anos 70 e tornou-se discípulo direto do mestre Liu Peizhong, da linhagem Kunlun Xianzong.
Em visita a familiares no Brasil, veio para São Paulo, onde começou a transmitir seus conhecimentos para a comunidade chinesa e gradualmente atraiu um número cada vez maior de praticantes brasileiros, não só em São Paulo, mas em várias grandes cidades. Como pioneiro no Brasil no ensino da medicina tradicional, do Taichichuan, da meditação e das práticas de longevidade, formou milhares de pessoas que continuam a transmitir seu legado. Nos anos 80, seu filho Liu Chihming, atual mestre da linhagem, também mudou-se para o Brasil.
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